top of page

Médicos brasileiros desenvolvem terapia inédita contra o câncer.

  • powerfarmas
  • 11 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

Médicos da USP aplicaram pela primeira vez imunoterapia que usa células T do paciente para tratar linfoma gravíssimo


Paciente de 63 anos de idade, aposentado e ex-funcionário público foi o sortudo. Lutando

Linfoma não Hodgkin FOTO: Gabriel Caponetti.

contra o câncer desde 2017, encontrava-se em desesperança até que médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, no interior de São Paulo, conseguiram autorização para tentar uma nova terapia. Após todas as tentativas tradicionais de quimioterapia darem errado, a nova terapia trouxe remissão total da doença.


“Esse paciente é portador de um linfoma não Hodgkins avançado, uma doença agressiva. Ele já foi submetido a quatro linhas de tratamento prévias, teve uma resposta muito ruim, inclusive refratária a algumas delas, e veio justamente para fazer o CAR T-cell”, conta Renato Cunha, médico que cuida do caso em Ribeirão Preto.


Cunha tem um grande desafio pela frente que é o de desenvolver uma plataforma brasileira de terapia com células CAR T no CTC (Centro de Terapia Celular) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) sediado na Universidade de São Paulo (USP).


CAR T-cell, do inglês, significa "Célula T com receptores do antígeno quimérico" tudo isso indica que o tratamento usa células geneticamente modificadas. Tratando-se de uma nova terapia contra o câncer.


A terapia é toda nacional, desenvolvida dentro de um instituto publico e patrocinada por órgãos públicos como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); USP, FAPESP e Ministério da Saúde (MS), além de ter sido testada dentro de um dos maiores hospitais públicos do país. A pergunta é: os custos de tudo isso serão altos? Segundo o médico e professor Dimas Tadeu Covas é um tratamento que se destina a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), nos EUA um tratamento com células CAR T chegam a custar US$ 1 milhão ( Cerca de R$ 4 milhões). Ele ainda faz cálculos que a plataforma brasileira poderia baratear em cerca de 20 vezes, quando se compara ao produto comercial existente.


Como funcionam as células CAR T?


Nosso sistema imunológico é composto em sua maioria por dois tipos de células que se encarregam de liberar anticorpos no caso dos linfócitos B e as que fazem a guarda com sua toxicidade contra os corpos estranhos que são os linfócitos T. O tratamento brasileiro, o câncer do paciente era causado por linfócitos B doentes. E o que os pesquisadores fizeram foi extrair os linfócitos T da amostra de sangue do paciente para modificá-los geneticamente. Em laboratório foi introduzido nas células T um vetor - especie de vírus que carrega em seu DNA uma memória para reconhecer determinadas substancias de interesse. Os linfócitos T modificados ganharam, então, um receptor que lhes permite reconhecer o alvo terapêutico. Foi assim que os linfócitos T se tornaram células CAR T.


Posteriormente, as células CAR T foram reintroduzidas no paciente. Aqui, o alvo era uma proteína chamada CD-19. Como a proteína CD-19 está presente na membrana dos linfócitos B doentes, agora as células modificadas conseguiam reconhecer e destruir as células cancerosas.


As células CAR T foram reintroduzidas no paciente e conseguiram reconhecer e destruir as células cancerosas – Foto: Células humanas – Wikimedia/National Cancer Institute

Tudo isso não simples de ser feito. Exige um complexo laboratório com altas e boas práticas de produção. Tudo certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além de hospitais com capacidade para transplante de médula óssea, bons laboratórios e um bom suporte de tratamento intensivo. Uma vez que isso seja obtido, tudo começa com uma simples coleta de sangue do paciente.


O tratamento ainda não está disponível a população pois foi feito em regime compassivo, que significa que é a última alternativa do paciente quando se chega ao esgotamento de tentativas de tratamento. Após estudar as possibilidades de transferência do paciente para países onde já se tem o tratamento ser descartada por falta de condições financeiras, a família encontrou o nome de um médico da USP por acaso em suas pesquisas para o tratamento. Ao descobrirem que o mesmo recebeu um premio Sociedade Americana de Hematologia (ASH, em inglês) para desenvolver o processo de produção de células CAR T no Brasil. Renato Cunha recebeu a família para ter um parecer mais exato sobre o tratamento e hoje vemos remissão total da doença.


Mais uma vitória dos cientistas brasileiros em tempos onde Darth Vader quer escurecer a força.


Matéria: José Paulo (@jpaulo_oliveira)

Fonte: Jornal da USP ( por Silvana Sales)


 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

コメント


© 2020 por GERAL DESING. 

bottom of page